Quem foi o rei Saul?

Saul foi o primeiro rei de Israel. Ele era filho de Quis e pertencia à tribo de Benjamim. Seu nome em hebraico Sha’ul significa “Pedido de Deus”. Saul também foi o primeiro nome judaico de Paulo de Tarso, apesar de o nome ser traduzido para português na forma de Saulo.

A Bíblia cita toda a vida do rei Saul. Narra desde a sua ascensão como rei em 1 Samuel 9, até o seu declínio em 1 Samuel 31.

Saul reinou sobre Israel por quarenta e dois anos (1 Samuel 13:1). Foi pai de seis filhos homens: Jônatas, Abinadabe, Malquisua, Is-Bosete (Isvi ou Esbaal), Armoni e Mefibosete, e duas filhas: Merabe e Mical, que se casou com Davi. O reinado de Saul foi marcado por batalhas e atos de desobediência a Deus que resultaram no seu triste fim.

A história de Saul

Saul era um jovem de boa aparência, sem igual entre os israelitas; os mais altos batiam nos seus ombros. E seu pai era um homem rico e influente na tribo de Benjamim (1 Samuel 9:1-2).

Na época em que Saul vivia o povo de Israel era governado por juízes, o último deles o profeta Samuel. Devido à eminente ameaça dos filisteus e à idade avançada do profeta, o povo começou a reivindicar um rei que pudesse livrar Israel dos seus inimigos. Samuel não concordava, pois o povo queria satisfazer uma vontade humana, mas Deus permitiu que fosse levantado um homem como rei em Israel (1 Samuel 8:6-7).

Neste cenário surge Saul, que foi ao encontro do profeta Samuel à procura das jumentas de seu pai. Antes da sua chegada, o Senhor revelou ao profeta que Saul iria visitá-lo: "Amanhã, por volta desta hora, enviarei a você um homem da terra de Benjamim. Unja-o como líder sobre Israel, o meu povo; ele libertará o meu povo das mãos dos filisteus. Atentei para o meu povo, pois o seu clamor chegou a mim" (1 Samuel 9:16).

Saul foi recebido por Samuel, que logo o tranquilizou acerca das jumentas e o convidou para comer com ele dizendo: “A quem pertencerá tudo o que é precioso em Israel, senão a ti e a toda família de teu pai?” (1 Samuel 9:19-20). A honrosa pergunta causou espanto em Saul que se identificou benjamita, o menor das tribos de Israel.

O profeta conversou com Saul no seu terraço e o acompanhou até a saída da cidade. Ao se despedir, Samuel pediu para que o servo de Saul seguisse em frente e que gostaria de falar em reservado com o jovem algo da parte de Deus para com ele (1 Samuel 9:25-27). Samuel então unge Saul com azeite e beija-lhe a face e diz: “O Senhor o ungiu como líder da herança dele” (1 Samuel 10:1).

Depois de ungi-lo, o profeta deu uma série de orientações sobre o que sucederia e o que deveria fazer. Disse também que ao encontrar um agrupamento de profetas, ele seria apossado pelo Espírito do Senhor, profetizaria e se tornaria um novo homem (1 Samuel 10:6).

Depois de suceder todas essas coisas, Samuel ajuntou as tribos de Israel em Mispá para anunciar Saul como o rei. Sua aclamação foi fruto de alegria entre as tribos (1 Samuel 10:24). Mas a Bíblia registra que algumas pessoas desprezaram sua nomeação (1 Samuel 10:27).

O reinado de Saul

Nos primeiros dias como rei, Saul travou uma batalha sangrenta contra os amonitas. Recrutou todos os homens de Israel e Judá e atacaram o acampamento amonita pela madrugada, massacrando-os até a hora mais quente do dia (1 Samuel 11:11). Esta demonstração de força ilustra uma característica de Saul, a de um rei-guerreiro.

Com os anos, Saul prosseguiu vitorioso e seu filho Jônatas tinha importante relevância no comando das batalhas. Lutas contra os inimigos do povo de Deus foram permanentes durante todo seu reinado e não houve descanso. Em uma destas incursões, Jônatas atacou um destacamento filisteu em Gibeá, atraindo o ódio dos filisteus sobre Israel (1 Samuel 13:3-4).

A ira dos filisteus gerou desespero e medo aos soldados de Saul e todos se refugiaram em cavernas. Nesta ocasião surge o primeiro grande erro de Saul: desobedecendo a orientação do profeta Samuel, decide por ele mesmo oferecer o sacrifício de comunhão em Gigal com receio da dispersão dos seus soldados (1 Samuel 13:8-10).

O preço desta infração custou seu reinado. Samuel repreende a desobediência de Saul a um Mandamento do Senhor e diz que Deus já tinha achado um homem segundo o Seu coração (1 Samuel 13:14), que era Davi.

Mesmo assim Saul continuou a “escolher o que obedecer” das ordens de Deus. O Senhor por meio de Samuel tinha ordenado a aniquilação total dos amalequitas (1 Samuel 15:3). Na batalha, Saul manteve o rei Agague vivo, assim como as melhores ovelhas e bois do inimigo. Mais uma vez Samuel reprova Saul e rompe totalmente com o rei (1 Samuel 15:35). Depois deste ocorrido, o profeta Samuel unge Davi como sucessor ao trono de Israel cumprindo a ordem do Senhor.

O afastamento da presença de Deus sobre o reinado de Saul fez com que o rei entrasse em total perdição, sendo tomado por um espírito maligno. A inveja movia Saul a perseguir Davi, mesmo sabendo do livramento de Deus a Israel por parte Davi, derrotando o filisteu Golias, e da forte amizade do seu filho Jônatas com Davi. Em nenhum momento Saul reconheceu que Deus tinha levantado Davi.

Saul não admitia que Deus tivesse se afastado dele, mas não percebia que na verdade ele que se afastou de Deus. Pela terceira vez ele peca contra Deus e vai se consultar com uma bruxa em Em-Dor, pedindo que invoque o espírito do profeta Samuel (1 Samuel 28:7-8). O resultado desse pecado foi ouvir pela terceira vez que seu reino se rasgou, que morreria brevemente e que Davi seria o rei de Israel (1 Samuel 28:17-19).

A morte de Saul

Encontramos na Bíblia duas versões sobre a morte do rei Saul. Cada uma aborda sua morte de maneira diferente. Em 1 Samuel diz que Saul e seus filhos Jônatas, Abinadabe e Malquisua foram cercados pelos filisteus.

Saul foi ferido gravemente por uma flecha e, sem ver alternativas, ele pediu ao seu escudeiro que o ferisse com a espada, mas ele não quis fazê-lo. Saul, então, pegou sua própria espada e jogou-se sobre ela. Quando o escudeiro viu que Saul estava morto, jogou-se também sobre sua espada e morreu com ele (1 Samuel 31:4-6).

A segunda versão é um relato que um jovem amalequita prestou a Davi. Segundo o jovem, no monte Gilboa, Saul estava ferido com sua própria espada, mas ainda não tinha morrido. Atendendo a um pedido de Saul, ele o executou (2 Samuel 1:8-10). Afim de provar o que fez, o jovem retirou a coroa e o bracelete de Saul. Ao contar a sua versão gerou grande lamento em Davi, que resultou na morte do jovem amalequita (2 Samuel 1:14-15).

Provavelmente, o amalequita tenha inventado esta versão a fim de impressionar a Davi e conseguir alguma recompensa, que teve seu efeito contrário. A versão do suicídio consumado é confirmada na passagem de 1 Crônicas 10:4-6, que reafirma o acontecimento descrito em 1 Samuel.

Infelizmente a trágica morte de Saul foi consequência da rejeição dos caminhos do Senhor, da desobediência e da infidelidade a Deus (1 Crônicas 10:13-14).

Veja também: Cântico de Davi sobre a morte de Saul e Jônatas.

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